Nunca um par de tênis deu tanto o que falar. Assim que foi lançado, em 1984, o Nike Air Jordan bateu recorde de vendas, desencadeou um fenômeno cultural e ainda revolucionou o marketing esportivo.
Sua campanha representou o primeiro sucesso estrondoso entre uma marca e um atleta, ao casar um produto que simbolizava audácia, inovação e alta performance com Michael Jordan, o maior jogador de basquete da história.
As estratégias usadas para fazer do calçado um objeto do desejo, capaz de levar uma multidão a fazer filas nas lojas esportivas.
Como todos sabem, Chris Brown é SUPER MEGA FÃ de tênis, tendo um closet exclusivo para eles, com mais de 100 pares e no ano passado tatuou um “Air Jodan 3 retrô” no rosto.
Ontem(20) ele postou imagens do que seria seus próprios Air Jordan’s, caso houvesse uma parceria com a Nike. Cheio de cores e símbolos da “Black Pyramid”, com certeza faria sucesso. VEJA:
Cada um terá seu próprio nome e design único, os nomes são “The Black Widow’s”, “CB Breakfast 3’s”, “Easy Breezy”, “The GOATS” e “Air Breezy: VIPER 3’s”.
Sabendo que isso será quase impossível, ele resolveu mostrar ao mundo sua ideia e dar uma alfinetada na empresa: “Já que isso NUNCA VAI ACONTECER, porque os poderosos que existem estão pouco se fodendo comigo, pensei em mostrar para vocês minhas ideias para o Jordan. Eu adoraria criar… Lembre-se dos nomes…”
Breezy tem muito potencial para essa criação, ele poderia ver além e criar seus próprios tênis e vender com sua marca Black Pyramid.
História do Air Jordan:
(O texto a seguir é de Elaine Guerini)
A Nike, que estava em dificuldade na época, trabalhando apenas com tênis de corrida, buscava um jogador de basquete jovem que pudesse emprestar o seu nome a uma nova linha de tênis de cano alto, em cores.
Até então, o mais comum era fechar acordo com um time completo, com todos os jogadores passando a usar o mesmo calçado. Só a tentativa de levantar a marca em torno de um único atleta já foi uma ousada jogada de marketing da Nike, que também arriscou na escolha de Jordan para a campanha.
Por um lado, por ser raro naquele período ver um garoto-propaganda negro, para recomendar o produto que fosse. Por outro, o fato de Jordan ter sido contratado quando ainda era um jogador universitário da Carolina do Norte, o que vinha ao encontro da estratégia da Nike de selecionar alguém com quem o público adolescente pudesse se identificar.
Um dos entrevistados no filme, Sonny Vaccaro, um ex-executivo da Nike, foi quem apostou que Jordan seria o futuro astro do basquete. Embora o sonho do atleta fosse fechar um contrato com a Adidas, ele aceitou a proposta da Nike, que criou especialmente para o jogador um modelo arrojado.
O protótipo do Air Jordan levava as cores vermelho, branco e preto, a trinca do Chicago Bulls, time em que o atleta se consagrou. O “air” se referia ao jogo aéreo de Jordan nas quadras, sempre dando a impressão de voar com a bola nas mãos.
“A primeira vez que Jordan usou o tênis na quadra de basquete, um bando de garotos começou um alvoroço, apontando para os seus pés”, lembrou Phil Knight, cofundador da Nike, em seu depoimento no filme.
Em pouco tempo, o tênis foi banido pela NBA, a associação nacional de basquete nos EUA, que aceitava só tênis branco na quadra. E o impacto da proibição não poderia ter sido melhor para a campanha. Até porque a Nike e Jordan não cumpriram a ordem, passando a arcar com a multa de US$ 5 mil por jogo.
“Do dia para noite, era o tênis que todos queriam. O calçado começou a ser vendido nas esquinas por centenas de dólares. Na primeira vez em que contatamos a rede Footlocker, a maior varejista nos EUA, eles só quiseram 5 mil pares para todas as suas lojas. No prazo de uma semana, eles ligaram pedindo 150 mil pares”, contou Knight, no filme.
Ao ser considerado “anti-establishment”, o calçado ganhou uma aura “cool”, tornando-se um catalisador para o culto ao tênis. Elevado ao patamar de item da cultura pop, o Air Jordan ainda ajudou a chacoalhar a imagem do negro na sociedade americana. Jordan se projetava como um vencedor, passando a inspirar toda uma geração de jovens negros.
A escolha de Spike Lee para, mais tarde, dirigir os comerciais de TV do Air Jordan foi outra jogada de mestre da Nike. O cineasta negro se projetava na época com “Faça a Coisa Certa” (1989). No filme que encorajava os negros a darem um basta na opressão e submissão, rompendo assim a barreira da cor, o próprio Lee aparecia usando o tênis marca registrada de Jordan.
“Foi um caso caro, em que todo o marketing do Air Jordan estava conectado com aspectos culturais da sociedade americana naquele período, envolvendo questões políticas e de raça”, contou Bamiro, que também é negro.
Para o diretor, de 37 anos, One Man and His Shoes ainda é um exemplo do “nosso caso de amor com o consumismo”, sobretudo no modo como respondemos ao desejo que as campanhas conseguem despertar.
“Isso ficou ainda mais evidente com Jordan, que era um Deus do basquete. Ninguém mais no mundo conseguia repetir o que ele fazia na quadra. Como era impossível reproduzir a sua habilidade nas quadras, pelo menos o consumidor poderia ter o mesmo tênis”, disse, rindo.