Há quatro dias, Chris Brown compartilhou em seu Intagram, um vídeo de pequena filha Royalty de 6 anos fazendo sozinha, um cartaz sobre “Black Lives Matter” com um aerógrafo.
O vídeo foi gravado por Nia Guzman e elas conversam durante a gravação: “O que você está fazendo Ro, você está retocando?” Royalty responde: “Estou fazendo um cartaz que diz ‘Vidas Negras Importam’”. “Vidas negras são importantes? Com certeza,” Nia diz a ela. “Você está fazendo um ótimo trabalho, querida.” (tradução feita pelo Portal Rap Mais)
Mostrar para as crianças, ainda pequenas que somos TODOS iguais é umas das formas de ter um mundo melhor, por mais dolorido, precisamos falar sobre o assunto com elas.
Veja o vídeo legendado em nosso Instagram:
Antes:
Chris Brown tem se mostrado ativo a favor dos protestos contra a morte de George Floyd, fotos e vídeos ao poder negro vem sendo postados em seu perfil. Ele ainda não compareceu nas ruas para protestar como os cantores Usher e Trey Songz, mas segue na ativa contra o sistema racista, que chega a ser mais violenta nos EUA.
Dicas para conversar sobre racismo com crianças:
Seja um exemplo
Não adianta esperar que a criança lide com as diferenças na rua se, no ambiente familiar, os pais fazem piadas com isso e estão cercados de negros apenas como funcionários, muitas vezes invisíveis.
A ideia é fazer uma autoavaliação da vida dos adultos: quem são os amigos mais próximos e que oportunidades a criança tem de conviver com pessoas diferentes? E, mais importante ainda: como o diferente é tratado pela família?
Mostre a diversidade na prática
Quando o filho ainda é pequeno, é bacana inserir referências diferentes, de outras culturas e raças, em suas brincadeiras, bonecos, personagens de desenho, músicas, passeios e por aí vai. Conforme ela cresce, o ideal é que o tópico faça parte das conversas em família de maneira transparente.
O termo é letramento racial. “Que é compreender que estamos em uma sociedade racista, e as crianças brancas precisam refletir sobre onde estão os negros, e questionar isso com a gente”, comenta Paula Batista. Explique que existem pessoas que tratam mal outras pessoas só por causa da cor da pele ou de características físicas, que há injustiças no mundo e que é responsabilidade de cada um mudar esse cenário.
Empoderando crianças negras
E isso vai além de ter bonecas de pele escura. “Hoje somos marginalizados, então a criança precisa saber que há possibilidades fora da subalternidade, que existem reis e rainhas negros”, comenta Livia Marques. As próprias história e mitologia africana e afrobrasileira são fonte de relatos incríveis, hoje descritos em diversos livros infantis. E há uma mãozinha da ficção, como o célebre exemplo do Pantera Negra.
Frequentar espaços afirmativos, como coletivos de música, quilombos urbanos, museus e atividades de resgate cultural também ajuda nessa criação de repertório e valorização estética — outro ponto importante aqui. “Não gostar da própria aparência traz prejuízos sérios para a criança, que desenvolve a autoestima com os pais, então o primeiro passo é gostar de você mesmo, se enxergar como uma pessoa negra, para que ela saiba que o padrão estético dela é valorizado em casa”, ensina Livia.
Vale destacar que, se o bebê tem a pele mais clara da mãe, é ela que é mais afetada pela discriminação racial. “O racismo já é sutil, mas na família ele é mais sutil ainda”, aponta Deh. Uma saída para isso é deixar claro desde cedo à família que a criança é negra e que pretende fazer uma criação com consciência racial.
A escola do seu filho é inclusiva?
Se os únicos negros da escola são porteiros, faxineiros e cozinheiros, sinal de que a escola pode não se importar muito com a questão da diversidade. Vale verificar se eles realizam atividades sobre o tema, se tem um protocolo de como agir em casos de racismo e como é o padrão estético dos livros e das ilustrações nas paredes.
O que fazer quando a criança é a vítima?
Não é possível saber como a criança vai reagir, não importa o quanto os pais se preparem para esse momento e empoderem o pequeno. “Nós trabalhamos com isso e ainda não sabemos lidar quando somos as vítimas, é uma mistura imobilizante de dor com raiva, muito difícil de descrever”, comenta Deh.
Fique de olho, pois muitas vezes uma criança pequena não conseguirá verbalizar o que aconteceu com ela. Pode ficar mais amuada, quietinha. Essas mudanças de comportamento não podem passar batido, pois os efeitos negativos para o desenvolvimento infantil são graves.
“A criança pode desenvolver transtornos de ansiedade, estresse pós-traumático, isolamento social e muitos outros que impactarão sua vida adulta”, aponta Livia. Se ela verbalizar o que houve, vá a escola, ao local onde ocorreu e não deixe passar batido. Racismo é crime e deve ser denunciado.
Não existe fórmula mágica
Mesmo tomando todo o cuidado, dialogando e agindo contra a discriminação, o racismo não vai sumir do dia para a noite. O tema é dolorido e as conversas não são fáceis, mas precisa ser discutido urgentemente, e as maneiras de inclui-lo no cotidiano vão variar conforme o contexto familiar de cada um.
“Existem mais perguntas do que respostas, mas precisamos dessa reflexão. As crianças são a solução para enfrentar o racismo, mas é com os adultos que mudamos as crianças”, ensina.
(Fonte: https://bebe.abril.com.br/familia/como-falar-sobre-racismo-com-as-criancas/)